Pombal de Lordelo do Ouro, Porto Interespécie Fascínio e Afinidade

Esquema da organização do pombal. FIELD

A análise da prática columbófila em Lordelo permite uma leitura crítica das transformações urbanas associadas às políticas públicas de habitação. O cruzamento entre a história deste lugar e a da columbofilia revela dinâmicas de deslocamento e resistência, permitindo desbloquear noções mais amplas sobre a perda e reconfiguração de práticas, espaços e comunidades. Este caso de estudo, inserido no contexto mais vasto das transformações urbanas promovidas pela habitação pública, encontra paralelismos com outros processos de reestruturação social e territorial que produziram alterações demográficas e mudanças nos usos do espaço.

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O pombal do sr. Luís Miguel foi a última construção a ser demolida no conjunto de habitações precárias que existiam na mata da Pasteleira, previamente à construção do Agrupamento Habitacional da Pasteleira (PER)

O pombal de Lordelo representa, neste contexto, um agrupamento construído em terreno municipal no início dos anos 2000, configurado por lotes com modelação de 6 metros. A criação deste conjunto resultou da pressão exercida pelos columbófilos praticantes, como resposta à sucessiva construção e demolição de edifícios e espaços que anteriormente acolhiam pombais. Esta história revela um processo de negociação e afirmação social frente a uma cidade em constante mutação e densificação.

Desde a segunda metade do século XX, as mudanças na tipologia habitacional e as políticas urbanas na cidade têm pressionado a prática da columbofilia, levando à sua deslocação e perda de presença no centro da cidade. O pombal de Lordelo, agora incluído num plano municipal para a construção de habitação acessível, prevê-se a demolir. A mudança compromete a orientação dos pombos e ameaça, novamente, a continuidade da prática, fazendo deste pombal um espaço de resistência.

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Prática de columbofilia num pombal de lordelo
A presente análise descreve um lote integrado no conjunto dos pombais de Lordelo - do Sr. José e do Sr. Carlos. A implantação do pombal organiza-se em dois volumes que delimitam uma pequena área de cultivo. A configuração espacial responde às necessidades específicas da prática columbófila, com zonas diferenciadas para reprodutores, voadores de competição e borrachos (pombos jovens em fase de criação). A orientação funcional do pombal estabelece a saída do voo a nascente e o retorno a poente. Os dejetos dos pombos ("pombinho") são aproveitados como fertilizante para a pequena zona de cultivo.

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Os pombos treinam 2 vezes por dia. Durante os meses quentes, de verão, voam particularmente cedo para evitar as horas de calor. Todos os pombos em competição têm uma anilha eletrónica para a constatação automática à chegada do pombo no final da prova. No caso do sr. José e do sr. Carlos, os pombos são sensíveis ao seu assobio e, de modo a coordenar os treinos com os demais vizinhos do conjunto de Lordelo, é hasteada uma bandeira durante os voos de treino, funcionando como sinalética de aviso.

Treino de pombos correios no pombal de Lordelo. FIELD

“Um bando de pombos que voa longe e alto está em forma” citação partilhada por Cândido Regal, Presidente da Associação Columbófila do Porto.